Se quando comecei a trabalhar, a arquitectura ainda era uma profissão com algum futuro, em pouco tempo, se não tivesse pensado noutra coisa para fazer, podia eventualmente estar a viver "debaixo da ponte".
Assim, em doze anos, abri um gabinete de arquitectura, mudei de escritório tantas vezes, até ter de o fechar que já me perdi, abri um espaço de Turismo Rural, que estou neste momento corajosa e orgulhosamente a dirigir e expandir, considerando-o como parte de mim e em complemento dessa actividade, trabalho em artesanato, talvez ainda um pouco anarquicamente.
Com tantas mudanças ultimamente, não tinha ainda criado um espaço satisfatório para os meus devaneios, embora já tivesse experimentado várias vezes.
Primeiro, tentei o escritório da casa, mas pareceu-me muito desviado porque está exterior à casa principal, depois tentei a sala do sotão, mas tinha demasiados brinquedos e era pouco prática, até que me lembrei do corredor largo (porque a casa é tipicamente pertencente à arquitectura beirã) que dá para o meu quarto e para o quarto dos miúdos e, depois de algum trabalho, acho que consegui criar um espaço pequeno e acolhedor para eu trabalhar. Provavelmente não será o espaço final, porque a minha profissão cria-me uma constante necessidade de mudança na casa, mas para agora sinto que servirá os seus propósitos.
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